Com a aprovação emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), neste domingo, 17, as vacinas produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com a Sinovac, e pela Fiocruz, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford (Reino Unido), começaram a ser distribuídas às unidades da federação hoje, 18. Ainda no domingo, o governo do Estado de São Paulo vacinou a primeira brasileira em solo nacional. Este é início de um novo ciclo, não só para nós, brasileiros, mas para toda humanidade. É hora de olhar para frente, com esperança, mas também de fazer um balanço do vivenciamos até aqui.
Nessa guerra contra a Covid-19, que já ceifou, em nossos “lindos campos”, mais de 209 mil vidas, os heróis, chamados servidores públicos, venceram o desinvestimento e a disputa de narrativas para defender a saúde pública e a ciência.
Desde os primeiros casos do novo Coronavírus, presenciamos o esforço coletivo dos servidores, que atuaram na linha de frente e na retaguarda, para reduzir os impactos da pandemia. Ocupamos sacadas e janelas para aplaudir médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, em especial do Sistema Único de Saúde (SUS). Muitos deles sacrificaram suas vidas nessa trincheira. Enaltecemos, agora, os técnicos da Anvisa, responsáveis pela análise e aprovação das vacinas em tempo recorde, e os pesquisadores do Butantan e da Fiocruz. E não podemos esquecer dos servidores que viabilizaram o pagamento do auxílio emergencial a quase 70 milhões de brasileiros. Para não cometer injustiças, é preferível não citar nominalmente as carreiras envolvidas. São muitas, com atribuições distintas, mas com uma missão em comum: garantir que a população tenha acesso aos seus direitos.
Enquanto o povo agradece publicamente o esforço empreendido, o governo dá sequência ao desmonte do estado. O ano de 2021 não traz boas perspectivas para a ciência no Brasil. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) terá uma verba anual 34% menor do que em 2020, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) amargará uma nova redução de 8,3% no orçamento anual, já a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) sofrerão cortes de 1,2 bi e 4,8 bi, respectivamente.
Além dos cortes nos orçamentos nos órgãos, os servidores têm suas próprias remunerações ameaçadas. Com o avanço do deputado Arthur Lira (PP-AL) na disputa eleitoral pela Presidência da Câmara, a equipe econômica já vislumbra um cenário favorável para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 186/2019, que prevê cortes salariais e na jornada de trabalho em até 25%.
É preciso estar claro que todas essas medidas, embora mirem os servidores, atingirão, decerto, toda a população.
Aos nossos heróis, externamos nosso agradecimento e desejamos força para o enfretamento das batalhas que se avizinham.
Viva o Butantan! Viva a Fiocruz! Viva a Anvisa! Viva o SUS! Viva o Serviço Público!