Quando o Senado aprovou o projeto do senador Paulo Paim, a equipe econômica do governo entrou em pânico. Contaminada por interesses políticos, a extinção do fator previdenciário sugerida por Paim ressuscita a farra das aposentadorias precoces e ameaça a saúde fiscal da Previdência. Nenhum senador, contudo, parou para analisar o impacto da proposta. Na contabilidade dos parlamentares, só foram levados em consideração os dividendos eleitorais. Até mesmo tucanos e democratas, criadores do fator à época do governo Fernando Henrique Cardoso, aderiram ao populismo previdenciário. O objetivo era tirar proveito da medida, seja capitalizando votos ou desgastando o governo. Em defesa de suas bandeiras históricas, Paim teve o mérito de trazer à baila a discussão de um tema que angustia e sufoca os contribuintes. Sem alternativa e emparedado pela aprovação do texto, restou ao Planalto encontrar uma saída que não melindrasse trabalhadores, tampouco provocasse uma sangria nos cofres da Previdência. Esse meio-termo foi concentrado na proposta do relator Pepe Vargas. Foi assim que Lula conseguiu convencer as centrais sindicais no final do ano passado, prometendo buscar uma fórmula que contemplasse a todos. O problema para o governo é que a bandeira de Paim não se esgota no fim do fator. Na esteira dessa proposta, vieram outras duas, com apelo popular ainda maior e também já aprovadas pelo Senado. Paim quer corrigir as aposentadorias com o mesmo percentual de reajuste do salário mínimo e também recuperar perdas salariais. Tudo muito justo. Mas em ano de crise econômica, falta garantir disponibilidade de caixa do governo.